Cheguei com a certeza de que aquele seria o tempo e a decisão mais acertadas.
A chuva chegou comigo trazendo as lembranças de que, apesar daquele ser o último dia que seria nosso, há muito que os dias tinham deixado de amanhecer para um nós.
A tempestade que se fazia sentir na rua era igual à tempestade que existia dentro de mim, porque mesmo sabendo que já não fazia sentido caminharmos juntos, o medo e a ansiedade de aprender a voar sozinha, faziam-me encolher até ficar do tamanho de uma borboleta que acaba de se transformar.
Tinha certezas de tudo excepto de mim, do que me esperaria lá fora. Tão dependente de alguém e de repente sem ter do que depender, quase como se me tirassem o chão debaixo de mim e dissessem: "agora voa". Contudo , na minha cabeça, a única questão que existia era "como?". Nunca tinha voado sozinha, nunca tinha aprendido a amar-me, porque todo o amor que tinha, depositava-o em ti.
A verdade é que quando te deixei, naquele dia de chuva, percebi que tinha tomado a decisão que mudaria todo o percurso que até então tinha definido e, apesar de me sentir aterrorizada de medo, tinha a sensação que nunca tinha tomado decisão mais acertada e foi então que vi que mesmo te perdendo, me tinha ganho a mim.
Precisei de respirar, reordenar-me e focar-me. Senti a necessidade de "lamber as feridas" e perceber aquilo que não queria para mim. Comecei a ganhar, a ganhar confiança, força, amor próprio e independência. Comecei a agradecer por cada passo que aprendi a dar sozinha e por cada vitória que fui conquistando.
Foi então que percebi que no dia em que te perdi, renasci.


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