Não havia nada que ela não quisesse mais naquele momento do
que fugir. Desejava recuperar a força e a coragem que tantas vezes estiveram
com ela e que estavam a abandoná-la. Queria sentir-se de novo viva, sentir a paz
e o equilíbrio. Tudo à sua volta estava num emaranhado de questões e
faltava-lhe a coragem para saltar para o outro lado da montanha.
Deitou-se no mesmo sítio que a embalava sempre que se sentia
assim, onde há sua volta tudo parecia tirado de um belo e único quadro em tons
verdes, castanhos e azuis.
Fechou os olhos e por momentos sentiu-se de novo com cinco
anos, com aquele sorriso genuíno de criança à volta do seu pai, pedindo-lhe
para subir para os seus ombros, de onde conseguia ver o mundo, aquele mundo que
ela pintava das cores do arco-íris.
Naquela altura, tinha em si todos os sonhos e todas as
certezas de que aquele mundo um dia viria a ser seu. Aquele homem dava-lhe a
força que ela precisava, sentia que para ele podia ser o que quisesse, que iria
ser sempre a mesma pequenina de olhos esverdeados… a sua menina.
Eis que ela abriu os olhos e sentiu saudades de tudo o que
tinha sido, de toda a coragem e segurança que aquele homem depositava nela e,
principalmente, de toda aquela vontade de conquistar o mundo. Foi então, que na
sua imaginação, uma mão grande e forte lhe acariciou o rosto e ela sentiu de
novo a mesma força que os sonhos tinham quando tinha cinco anos. Ergueu-se e
gritou para o seu pequeno mundo que enquanto houvesse estrelas no céu, os seus
sonhos seriam o dobro daquelas estrelas.


Comentários
Enviar um comentário