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Laços de sangue e de amor





Quanto tempo passou desde que nos deixaste?
Quanto tempo passou desde que senti o chão escorregar e a obrigar-me a ter força?
Já passou tanto tempo e sinto cada minuto desse dia tão vivo na minha memória como se tivesse acontecido ontem.
É uma sensação tão estranha, a confusão, a ilusão de que tudo é uma mentira, o medo, a dor que se apodera de nós e nos invade cada pedacinho do corpo. O vazio.
O tempo que vai passando cada vez mais devagar, o interiorizar que afinal não vens mais ao final da tarde, o crescer a conviver com a tua ausência. A saudade de ti, do sorriso que tantas vezes só eu te conseguia arrancar com as minhas brincadeiras de criança, depois de um longo dia de trabalho. Os sonhos perdidos de me veres vencer as minhas batalhas, de entrares comigo de braço dado na Igreja, naquele que um dia será um dos dias mais felizes da minha vida, de veres os teus netos crescerem e contares cada tropelia quando eu fazia em criança.
E no meio de uma lágrima e outra, tenho vontade de sorrir. Porque sorrisos é o que me provocas cada vez que recuo no tempo e me lembro de ti, dos tempos felizes que vivemos na tua presença. Mas sei que mesmo longe te fazes perto. Cada vez que me olho ao espelho, vejo em mim um pouco de ti e sei que cada passo que dou és tu quem me guias e que cada noite que me deito a chorar, és tu que me fechas os olhos para eu adormecer e me secas as lágrimas através do vento. Sei que és tu que moras no meu coração e tentas que o vazio que deixaste seja menor, mas ainda assim fazes-me falta e farás sempre, porque o tempo não apaga os laços que o sangue e o amor criaram.
    


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